Pesquisa aponta impacto regional das Universidades Estaduais do Paraná

Pesquisa aponta impacto regional das Universidades Estaduais do Paraná

Estudo realizado pelas Universidades Estaduais do Paraná aponta que cada real investido nas instituições de ensino superior retorna multiplicado por quatro para as economias locais. Com base na pesquisa, os atuais R$ 2,5 bilhões previstos pelo orçamento do governo estadual para as IES em 2019 retornam multiplicados para os mercados regionais.

A professora doutora Augusta Pelinski Raiher, do Departamento de Economia da Universidade Estadual de Ponta Grossa, organizou a obra “As Universidades Estaduais e o Desenvolvimento do Paraná”. O livro traz os resultados do estudo que, com a colaboração de pesquisadores de todas as IES, avaliou o impacto das instituições de Ensino Superior (IES) no desenvolvimento regional.
A pesquisa foi realizada com apoio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), Unidade Gestora do fundo do Paraná (UGF) e Fundação Araucária, e envolveu pesquisadores da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO), Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Universidade do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES).
Na análise de curto prazo, a pesquisa, realizada em 2016, identificou o impacto imediato na estrutura produtiva do Paraná. “O incentivo dado à educação pública induz a produção, emprego e renda, promovendo o crescimento econômico. Compras de materiais, serviços contratados, realizados localmente, e renda dos servidores significam injeção dinheiro no mercado. Ter uma universidade significa movimentar a economia”, ressalta Pelinski. “Quando comparada a outros setores da economia, a educação pública mostrou-se um setor chave no que se refere ao salário médio, ao multiplicador de produção e à geração de postos de trabalho”, complementa.
Fátima Aparecida da Cruz Padoan, presidente da Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Público (Apiesp), afirma que as Universidades Estaduais do Paraná são protagonistas no desenvolvimento econômico do Estado, pois sensibilizam para ações inovadoras, influenciando o ambiente empresarial. No setor industrial, a pesquisa aponta que quanto maior o investimento realizado nas universidades estaduais, maior tende a ser a especialização produtiva das indústrias localizadas nestas cidades e regiões.

Outro impacto das universidades na economia das cidades são os gastos dos estudantes. Bolsistas de Residência Médica e Multiprofissional, somente no Hospital Universitário da UEPG, retornam R$ 5 milhões por ano para a economia local. São cerca de 130 profissionais que recebem R$ 3.303,43 por mês. “Esses valores são destinados a alugueis de apartamentos e quitinetes, compras em mercados, além de gastos com alimentação e outros serviços”, afirma o vice-reitor da UEPG, Everson Krum.

Transbordamento regional
Pelinski enfatiza que o município que detém uma universidade promove um transbordamento de efeitos para os municípios do entorno. “Quando se tem uma Universidade, por exemplo, em Ponta Grossa, não só o município se beneficia com efeito no seu desenvolvimento, mas também cidades vizinhas como Palmeira, Carambeí, Castro, Ipiranga”.
De acordo com o estudo, mais de 90% da mão-de-obra formada pelas universidades estaduais reside e atua no Paraná. “Uma universidade afeta o bem-estar da população das regiões onde atua”, diz Pelinski. Na área da saúde, considerando-se dados de 2018, os Hospitais das Universidades Estaduais de Maringá, de Londrina e de Ponta Grossa realizaram, juntos, 310 mil atendimentos. “É como se a população inteira de uma grande cidade do porte de Maringá ou Ponta Grossa fosse atendida pelos nossos hospitais universitários”, afirma o reitor da UEPG, Miguel Sanches Neto.
“O HU-UEPG beneficia pacientes de 12 municípios. O Hospital mudou todo o cenário da saúde dos Campos Gerais. Pacientes que antigamente teriam que ser atendidos em Curitiba ou na região metropolitana, hoje são atendidos em Ponta Grossa”, acentua Tatiana Menezes Cordeiro, diretora geral do HU-UEPG.
Agnes Lacerda (17) sofreu acidente numa fazenda em Carambeí no início do ano. Atendida na emergência do HU-UEPG, desde então, realiza todo tratamento de fisioterapia, ortopedia, cirurgia plástica e psicologia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A estudante relata que estava consciente quando recebeu a informação que seria encaminhada para o HU. “Foi um alívio porque sempre soube da qualidade do atendimento do hospital. O fato de ser um hospital universitário sem dúvidas o diferenciado pela quantidade de profissionais, médicos e residentes de várias áreas que realizam o atendimento com mais atenção ao paciente”, conta.
O complexo de saúde da Universidade Estadual de Maringá atende cerca de 60 mil pessoas anualmente, pacientes oriundos de 115 Municípios do Paraná, vinculados à 15ª Regional de Saúde. O complexo da UEM é composto por Universitário Regional de Maringá (HUM), Clínica Odontológica, Unidade de Psicologia Aplicada (UPA), Laboratório de Ensino e Prática em Análises Clínicas (Lepac) e Farmácia Ensino.
Ainda em relação ao impacto na saúde, somente o HU da Universidade Estadual de Londrina foi responsável pelo atendimento a 180 mil pacientes, enquanto outros 83 mil receberam tratamento na Clínica Odontológica da instituição. Na Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro), a Clínica Escola de Fisioterapia (Cefisio) realizou, em 2018, 18 mil atendimentos gratuitos. Já a Farmácia Escola e o Laboratório de Análises Clínicas Escola da instituição realizaram 8 mil atendimentos, em média.
Números semelhantes de atendimentos gratuitos na área da saúde também podem ser verificados na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP). A Clínica de Fisioterapia da instituição realizou, no último ano, mais 18 mil atendimentos, e a Clínica de Odontologia atendeu a cerca de 8 mil pessoas no mesmo período.

Extensão
Somadas as regiões Norte, Centro-Sul e Campos Gerais, mais de 1 milhão de pessoas são beneficiadas com ações extensionistas das Universidades Estaduais de Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Unicentro e Estadual do Norte do Paraná. “Por meio do ensino, da produção científica e de programas e projetos de extensão, nossas Instituições contribuem para atenuar desigualdades, com vistas ao desenvolvimento sustentável de nossas comunidades regionais, com a perspectiva de ampliar o bem-estar das pessoas”, afirma a presidente da Apiesp, Fátima Padoan.
Na UEPG, as ações de extensão nas áreas cultural e social impactam mais de 110 mil pessoas. A Incubadora de Empreendimentos Solidários (IESOL), um dos 25 programas de extensão da instituição, organiza empreendimentos econômicos solidários de artesanato, separação e triagem de material reciclável, jardinagem e agricultura familiar. Kamila Sobko, que ministrou parte do curso Economia Solidária e Tecnologia Social, explica que a incubadora tem função social. “Além das incubações, a IESOL tem um trabalho efetivo e mostra seus resultados, tendo uma trajetória de presença na universidade e comunidade”, afirma.

Metodologia
O estudo foi realizado a partir de várias metodologias como insumo produto, estimativas econométricas e construção de indicadores. “Essas metodologias ratificam a relevância das universidades estaduais no desenvolvimento regional do Estado”, afirma Pelinski.

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