Leandro Vanalli e Gisele Mendes assumem gestão da UEM

Leandro Vanalli e Gisele Mendes assumem gestão da UEM

A nova reitoria da Universidade Estadual de Maringá (UEM) foi assumida pelo professor Leandro Vanalli e pela professora Gisele Mendes em cerimônia realizada na última segunda-feira (10). A posse foi prestigiada por autoridades acadêmicas, políticas, religiosas e militares, representantes de setores da sociedade civil e por reitores e vice-reitores de universidades de todo o Paraná, incluindo o professor Miguel Sanches Neto, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), presidente da Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Público (Apiesp).

Representando o governador do Estado do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, o superintendente geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona, presidiu a cerimônia de posse e elogiou a gestão 2018-2022 dos professores Julio César Damasceno e Ricardo Dias Silva e desejou sucesso à nova gestão.

O presidente da Apiesp, professor Miguel Sanches Neto, afirmou sentir-se honrado por representar as sete Instituições Estaduais de Ensino Superior do Paraná na solenidade de posse da nova reitoria, enfatizou a importância e autonomia das universidades públicas e o processo democrático que se configura a escolha dos representantes da reitoria em que reitor e vice, eleitos pela comunidade acadêmica, passam a ser reconhecidos pelo governo estadual na cerimônia de posse.

Confira abaixo o discurso do presidente da Apiesp, professor Miguel Sanches Neto, na íntegra:

Boa tarde a todas e todos

Queria cumprimentar o superintendente da SETI, professor Aldo Nelson Bona e os magníficos reitores aqui presentes.

Como APIESP, é uma honra muito grande representar aqui as sete instituições estaduais de Ensino Superior do Paraná. Somos equipamentos públicos com características próprias, uns mais espalhados pelo estado, outros mais localizados em sua sede, alguns com ênfase em determinados setores, outros com maior variedade de cursos, mas todos com uma base organizacional comum:  a das decisões colegiadas.

Um dos livros póstumos de José Saramago se chama justamente Democracia e Universidade. Nesta obra, ele insiste na ideia de formar quadros entre os mais pobres para que eles possam ocupar lugares de decisão política. Que os pobres não sejam chamados apenas para eleger representantes na nossa comunidade, mas que sejam convocados para decidir os rumos dela. Sou um exemplo disso. Filho de pai analfabeto, trajetória em escola pública, fui o primeiro de minha família a ter curso superior. E, por acidente de percurso, dirijo hoje uma universidade.

Neste sentido, poderíamos dizer que nossas universidades, todas elas cotistas, têm um um compromisso com as camadas sociais menos favorecidas, que encontram em nossos cursos um lugar de formação e de transformação. Passar por uma universidade pública é uma experiência que modifica o indivíduo e o seu entorno. E cria quadros políticos extremamente valiosos para o pleno exercício da cidadania, que pressupõe o concerto de todas as vozes sociais.

Não existe nenhuma instituição tão democrática quanto a universidade pública, regida por colegiados, por conselhos e por uma participação ativa da comunidade. Universidade pública e democracia são praticamente sinônimos, nesta perspectiva.

E é isso que vivemos aqui nesta tarde.

A consumação de um processo democrático, em que a UEM tem empossada uma nova reitoria, eleita por sua comunidade interna e reconhecida pelo governo estadual.

E não posso deixar de enaltecer o trabalho do professor Aldo Bona, que vem sendo um defensor de todos os resultados eleitorais das nossas IES, e que tudo faz para que a decisão das urnas seja respeitada, em uma demonstração inequívoca do caráter democrático da gestão universitária. Obrigado, professor Aldo, pela defesa dos pilares democráticos da universidade. É extremamente importante contar com uma pessoa com a sua compreensão do processo universitário na SETI.

Neste ato, quando se faz a transmissão dos cargos de reitor e de vice-reitor, é preciso reafirmar que uma universidade pública, pelo seu processo sucessório, é construída por muitas pessoas ao longo do tempo, e que, portanto, não reflete um grupo, uma geração, um conjunto restrito de ideias. Construção coletiva e transgeracional, patrimônio de gerações às quais somamos os nossos nomes como gestores, elas são uma conquista regional.

Acompanho a gestão da UEM desde o ano 1994, quando assumi funções na Editora da UEPG, e de maneira mais próxima entre os anos 2006 e 2010, quando fui Pró-reitor de Extensão e Assuntos Culturais e tive o privilégio de conviver com o professor Décio Esperandio como reitor e com minha querida amiga Wania Rezende da Silva como pró-reitora de extensão.

Vi o crescimento desta universidade, que é um exemplo para o Paraná e para o Brasil. Vi a importância de uma universidade com este perfil de pesquisa e de extensão no interior do Brasil, e como isto impacta na comunidade, até por eu ser uma pessoa oriunda de uma cidade próxima, Peabiru. Este crescimento, em tamanho e em qualidade, reflete o processo democratizante de nossas instituições. Não tenho a menor dúvida de que a resolução dos principais problemas locais passa pela UEM.

Nesta grande engrenagem que percorre décadas, cada gestão crava suas realizações, a despeito de todas as dificuldades. E a gestão que se encerra agora com certeza foi a que enfrentou o maior desafio de toda a história de nosso sistema.

A pandemia.

A mudança do modelo de nossas atividades.

A crítica de setores que desconhecem o nosso valor.

A travessia deste período foi, por si só, uma grande conquista para as gestões.

Na condição de reitor da UEPG, cujo tempo administrativo coincide com o da UEM, pude ver diuturnamente a luta empreendida pelos professores Julio César Damasceno e Ricardo Dias Silva, respectivamente reitor e vice-reitor desta destacada casa do conhecimento.

Foram centenas de reuniões, com órgãos internos e externos, sempre buscando soluções para problemas urgentes que nos assolaram neste período. Muitas de nossas reuniões aconteceram à noite, por meet, demonstrando o compromisso com a universidade pública. Muitas viagens, que nos tomaram parcelas de nossas vidas pessoais, se intensificaram nesta fase. E sempre esteve em pauta a defesa do papel democrático da universidade.

Queria enaltecer aqui, em público, o trabalho feito pelos reitores neste período. Vendo o relatório de gestão, são inequívocas as melhorias conquistadas para a UEM. Os reitores estavam dando respostas para demandas urgentes, internas e externas, enquanto lutavam para ampliar a representatividade da Universidade.

Sobre o professor Júlio Damasceno é preciso afirmar a sua abertura para o diálogo, o seu caráter extremamente altruísta, a sua presença ativa em todos os momentos. Nunca deixou de reivindicar uma única vez aquilo que cabia à UEM e ao sistema estadual. Pessoa respeitosa e firme em seus posicionamentos, foi uma voz ativa na defesa da universidade pública. E um amigo fiel do sistema. Mais do amigo deste ou daquele reitor ou reitora, o importante no exercício de nossos cargos é a fidelidade ao sistema estadual de universidade pública. Parabéns, caríssimo Júlio, pelo período em que esteve à frente da UEM. Não foi fácil, mas com certeza a sua abertura para o diálogo se fez determinante para superar as dificuldades.

Sobre o professor Ricardo Dias é preciso dizer que seus posicionamentos sempre foram contundentes. É raro encontrar vice-reitores que se façam presentes, que se manifestem de forma corajosa, e o Ricardo se tornou um exemplo disso. Esteve em nosso grupo com uma voz independente, ouvida e respeitada por todos. Sem medo de tocar nas feridas, ele contribuiu para o debate sobre nossa função, quando tínhamos que fazer a gestão de mais uma crise. Parabéns, Ricardo, pela atuação incisiva.

Queria também agradecer a toda a equipe de vocês, que foi o suporte necessário para a manutenção da universidade neste momento de crises contínuas e intensas.

E agradecer também às chapas que participaram da disputa, pois demonstram uma universidade ativa, que se organiza em torno de projetos e que defende posições divergentes.

Isso é democracia.

Isso é compromisso.

Isso é vitalidade.

Como eu já disse em outro lugar, a reitoria é uma corrida de revezamento. Recebemos o bastão de quem nos antecedeu e levamos até os próximos gestores. Cada um dá o seu melhor para ganhar um posicionamento de liderança. Liderança que a UEM conquistou de forma inequívoca.

É chegada a hora da troca dos bastões. E quero aqui parabenizar os professores Leandro Vanalli e Gisele Mendes de Carvalho pela vitória das eleições da UEM. Como está em Mateus, capítulo 22, “muitos são chamados, poucos são escolhidos”. A escolha da UEM recaiu sobre vocês. Sem ter uma maior intimidade com o novo reitor e com a nova vice-reitora, tenho a certeza de que vocês fazem jus a esta escolha porque expressam a vontade soberana da UEM. Começa agora uma nova fase na vida pessoal de vocês e na vida administrativa da universidade. Desejo toda a prosperidade para a instituição, porque quando uma universidade vai bem todo o sistema se beneficia.

Com o professor Leandro, tive um contato amistoso em um encontro do CREA, quando ele era o debatedor da mesa da qual eu fazia parte. E ali pude reconhecer a sua índole aguerrida e cordata. Tenho certeza de que fará uma boa gestão.

Com a professora Gisele, travei contato mais recente, mas já ficou evidente a sua liderença. Precisamos de maior representatividade de gênero em nossas universidades e será determinante a atuação de uma vice-reitora empoderada.

Como APIESP, formamos um único corpo, uma única voz, que é a soma das vozes dos gestores e de cada agente, de cada professor e professora e de cada discente, sempre para clamar em prol do desenvolvimento de nossas regiões. Sintam-se acolhidos nesta associação que faz a defesa sem demagogias e sem viés partidário do sistema estadual de ensino superior.

Viva a UEM!

Viva a Universidade Pública Brasileira!

 

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